O Que é o Tarot

Afinal o que é o Tarot e todas as suas imagens das cartas?
O que são as tiragens das cartas e pra que servem?

Muitas pessoas pensam que o tarot é uma forma de adivinhação para dúvidas e perguntas simples de sim e não, que substitui o que a pessoa tem que decidir por si própria.

Isso é um erro e muitas vezes devido ao fato do tarólogo usar dessa “artimanha”, seja por ignorância, seja por querer levar vantagem, leva ao misticismo e muitas vezes a verdadeiras armadilhas.

O fato é que o tarot é uma linguagem simbólica antiga que nos permite reconhecer as forças arquetípicas presentes em nós mesmos e nas dinâmicas da vida.

Saber olhar para esses símbolos como recursos que são, para auxílio de reconhecimento das forças já presentes em nós mesmos e no dia a dia que vivemos, é sim, o caminho mais lúcido e não dogmático que podemos fazer.

E para que possamos te ajudar a entender o que é o tarot e como ele pode ser útil para a sua vida, no dia a dia, de forma idônea e, de fato, como pode ser uma grande ferramenta com o potencial que realmente possui, te convido a vir comigo na jornada que preparamos neste breve artigo.

Muito bem!

Nesse artigo você saberá:

O que é o Tarot

O Tarot é uma ferramenta, um instrumento simbólico que nos permite, através das imagens arquetípicas, refletir, meditar, analisar nossas decisões e, portanto, nossa vida como um todo, acerca do nosso presente, do nosso passado e do futuro.

Através das imagens das cartas, como um sistema simbólico e de metáforas, o tarot como ferramenta nos guia na trilha do autoconhecimento.

As Origens do Tarot

A criação do tarot não tem suas origens conhecidas, numa data precisa. Alguns estudiosos nos trazem que as versões mais antigas datam do século XIV, outros afirmam que o Tarot foi criado há milhares de anos pelos egípcios.

Outros ainda trazem suas origens em Roma, na Índia e segundo algumas linhas mais voltadas ao ocultismo, na antiga Atlântida.

Embora cada qual defenda sua ideia, não há provas históricas de que qualquer dessas teorias seja verdade, mas é muito provável que o Tarot seja mesmo muito antigo, afinal, desde a antiguidade, imagens e símbolos sempre foram usados para processos religiosos e iniciações cheios de simbolismos e significados que deveriam ser guardados e não deveriam ser divulgados abertamente.

Em função de sua natureza secreta ou por conta da perseguição de outras religiões, em especial a da igreja católica e seus mais diversos seguidores, mantiveram-se secretos esses símbolos que devem vir à tona nessa era em que vivemos.

Diferenças entre Tarot e Oráculo

O tarot ganhou uma popularidade imensa através dos tempos e pode ser facilmente observada pelo fascínio que seus desenhos geram em nós, até porque são representações de símbolos, arquétipos, mitos que vivem dentro de cada um de nós, em nosso inconsciente pessoal e coletivo.

O Tarot é um oráculo, mas nem todo oráculo é tarot!

Isso fica evidente pela designação do significado de oráculo…

Do Latim: * (latim oraculum) “oráculo”;

1. HISTÓRIA, RELIGIÃO na Antiguidade, profecia atribuída a uma divindade, geralmente de carácter obscuro e alegórico, tida como resposta a uma consulta feita por intermediário, em local considerado sagrado.

Sendo, portanto, oráculo, algo misterioso que oferta uma resposta a uma consulta, o tarot é sim um oráculo. no entanto, há muitos oráculos e não são necessariamente tarot.

Para ser considerado tarot, o baralho com suas respectivas cartas devem possuir as seguintes características:

  1. Baralho com 78 cartas.
  2. Dessas 78 cartas, 22 são arcanos maiores e 56 são arcanos menores.
  3. Os arcanos maiores devem estar numa sequência como descrita logo abaixo na sessão arcanos maiores.
  4. Os arcanos menores devem estar numa sequência como descrita logo abaixo na sessão arcanos menores.
  5. Manter desenhos (imagens) compondo um conjunto específico que guarda os conhecimentos originais propostos.

Muitos baralhos modernos e contemporâneos alteram as imagens contidas nas cartas, mudando seu significado e isso traz modificações essenciais nos conhecimentos a serem usados durantes as tiragens.

Mesmo contendo as 78 cartas, 22 arcanos maiores e 56 menores, muitos baralhos descaracterizam a simbologia antiga representada pelas imagens “originais”, o que pode levar a enganos perigosos de análise.

Assim, o tarot é sim um oráculo, mas nem todo oráculo é tarot!

*Porto Editora – oráculo no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-06-01 14:42:10]. Disponível em

A Simbologia

Os símbolos são pontes para o conhecimento que nos encaminha à iluminação. São transformadores de energia que nos permitem compreender a nós mesmos e ao mundo. São inesgotáveis em significado e trazem as bases arquetípicas à compreensão.

Fazem isso através de imagens às quais são representadas e se mantém vivas dentro e fora de cada um de nós, as imagens simbólicas.

Símbolos existem desde sempre e são chaves para o conhecimento e, portanto, para o autoconhecimento, chaves essas que se tivermos olhar atento e respeitoso, analisando com cuidado e minuciosamente, teremos condições de usá-las para a ampliação da consciência.

O que são os Arcanos do Tarot

Arcanos são segredos, aqueles guardados em arcas, cujos únicos capazes de decifrar são os que detém as chaves dos códigos que permitem sua compreensão.

No Tarot, as imagens simbólicas representam e constroem esses segredos, que apesar de estarem à vista, se mantém secretos, podendo ser lidos pelos que tem o conhecimento necessário para sua compreensão.

O tarot contém os arcanos maiores e os arcanos menores. Nenhum deles é mais importante que o outro, o que fazem é constituir linhas de conhecimento que permitem uma leitura e consequente desencadear de entendimento para os interesses de quem os consulta.

Os Baralhos de Tarot

O baralho do Tarot compreende 78 cartas, que se dividem em 22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores.

Cada uma das cartas do Tarot mostra um conjunto de imagens, de figuras que contam histórias, com significados que se interligam e conversam entre si, formando um todo.

Individualmente cada carta traz em si um conjunto de significados, e estas imagens, cores e símbolos que possuem significação,  juntas, também constroem uma visão geral do que a carta significa, observando também a individualidade do consulente (pessoa que consulta o Tarot).

Existem várias versões do baralho de Tarot, entretanto o significado das cartas é quase sempre (deveria ser) o mesmo.

Nós aqui usamos alguns dos tarots mais difundidos no mundo, descritos em ordem de importância:

  1. Oswald Wirth.
  2. Tarot de Marselha.
  3. Mitológico.
  4. Rider Waite.

Muito além do baralho em si, o Tarot é a “ciência” e arte de análise e interpretação dos símbolos dispostos nas cartas. De acordo com a experiência particular da pessoa, cada carta poderá estar associada a mitos e arquétipos específicos.

Antes de qualquer coisa o Tarot é uma ferramenta para o autoconhecimento, para que façamos uma viagem para dentro de nós mesmos, onde encontraremos desejos e vontades, além de tudo aquilo que negamos ou não conhecemos, ou seja, nós mesmos.

Os Arcanos Maiores

Os Arcanos Maiores do Tarot são as 22 cartas guias do baralho, uma vez que representam, de maneira mais direta as etapas da alma rumo ao autoconhecimento.

Os Arcanos Maiores iniciam com a carta zero (0), O Louco, que trazem uma simbologia de início, onde há o desprendimento, mas também ingenuidade, características das almas inexperientes ou muito jovens. Essa carta por estar ligada ao início, representa também a própria experiência, advinda do início de um novo ciclo, após já ter findado o anterior.

Partindo do início, O Louco, realiza sua viagem, e passará por diversas etapas de aprendizagem e por experiências retratadas em todas as outras cartas dos Arcanos Maiores, sendo a carta 21, O Mundo, a que encerra a viagem, a situação, a questão que se quer solucionar.

Nessas alturas, o Louco já não é mais tão ingênuo, pois passou pelos processos alquímicos que o transformaram, agora já mais maduro e consciente do mundo que o cerca e dele mesmo.

Importante saber que O Mundo fecha um ciclo, uma situação, questão ou dúvida, e claro, sempre haverão novas situações, e o Louco sairá novamente em viagem, iniciando outros mistérios e questões a serem resolvidas.

O que temos como lição dessa jornada é que a vida é um eterno aprendizado e somente se estivermos abertos a aprender, poderemos resolver nossos problemas e dúvidas. O importante nesse processo todo, enfim é aprender com essa experiência.

Os Arcanos Menores

Os Arcanos Menores cujas cartas se dividem em quatro naipes, cada qual com 14 cartas, são, em geral, a origem do que conhecemos hoje como o baralho de cartas comum. As dez cartas numeradas de 1 a 10 mostram situações de “menor importância” do dia-a-dia.

Os naipes e suas respectivas representações são:

Paus – Aspectos espirituais, anímicos, seus projetos e realizações;
Copas – Emoções e sentimentos;
Espadas – Ações, decisões, escolhas;
Ouros – Plasmação, materialidade, estrutura, estabilidade, dinheiro.

Há também mais 4 cartas de cada naipe, as cartas da corte:

Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete.

Estas cartas, as únicas de todo o baralho, trazem a representação de as pessoas e relacionamentos presentes na vida do consulente, como ele lida com eles e, claro, com suas próprias sombras, virtudes e como se relacionam com o mundo também.

Como Funciona o Tarot?

Há diversos tipos de tiragens, cada qual com suas características e funções:

De 3 cartas:
geralmente usados para perguntas simples;
De 5 cartas: mais elaborados e usados ainda para questões não tão complexas;
De 7 cartas: cada vez mais elaborado, essas tiragens favorecem aspectos específicos de situações especiais a serem olhadas.
A Cruz Celta: talvez a principal tiragem e mais usada do tarot. Com ele é possível ter uma visão geral ampla de toda a questão desejada.

Da Vida: Uma tiragem completa, complexo para visualizar todas as questões da vida naquele momento.

Essas são as principais tiragens, mas existem muitas outras e mesmo variações desses, o que permite uma gama bem grande de possibilidades para o tarólogo poder ajudar o consulente.

É importante ressaltar que o Tarot funciona muito bem ao se ter plena consciência da situação que está vivendo, portanto, se tem uma pergunta clara e coerente a fazer.

Parece óbvio isso, mas a maioria das pessoas fazem perguntas somente de sim e não ou muito genéricas. Perguntas mais diretas, assertivas, claras, que incluam pessoas, tempo e lugares são mais fáceis de trazerem orientações também claras e assertivas.

Além disso, perguntas de sim e não são buscas que não levam ao autoconhecimento, mas sim tratam de curiosidade para resolução de decisões que a pessoa deve tomar. Por isso, não se deve realizar perguntas de sim ou não, mas sim, transformá-las em perguntas de autoconhecimento e tendências.

Exemplos disso podem ser…

Perguntas genéricas ou de sim/não:

“Como estão as coisas em meu trabalho?”
“Meu trabalho será reconhecido?”
“Eu vou permanecer nesse emprego ou mudar de empresa?”

O Tarólogo deve ajudar o consulente a “melhorar” a pergunta, para que se possa ajustar a consciência do consulente e do tarólogo a quais são os temas que devem ser explorados.

Assim, pode-se transformar as perguntas da seguinte forma:

“Qual a tendência de eu ser reconhecida(o) em meu trabalho?”
“Quais são as possibilidades e eu permanecer em meu emprego atual ou mudar de empresa?”

Ainda é importante separar cada pergunta. No nosso exemplo ficaria assim:

“Quais são as possibilidades de eu permanecer em meu emprego atual?”
“Quais são as possibilidades de eu mudar de empresa?”

Dessa forma, a análise se manterá orientada a um único assunto, deixando mais clara a leitura e compreensão dos significados.

Agora, é importante dizer que em relação ao futuro, o Tarot trará perspectivas futuras, de acordo com os acontecimentos de vida até o momento do consulente.

Claro que essas orientações futuras não são definitivas nem irreversíveis. Os fatos futuros estão diretamente relacionados às decisões e escolhas de cada um e podem ser alterados a cada momento.

As tendências orientadas pelo tarot, são justamente isso, tendências que têm como base o momento atual daquele que tem a necessidade e está se consultando.

O Tarot Terapêutico

O Tarot Terapêutico difere da maioria das formas de se jogar o tarot, por, ao invés de realizar uma leitura focada na adivinhação, é direcionada à visão divinatória, ou seja, nos aspectos “divinos” de realização do ser.

De forma geral, o tarot terapêutico traz um olhar junguiano sobre o processo de individuação e a jornada do herói através dos arquétipos dos 22 arcanos maiores e também com base na Psicologia Analítica Junguiana, é possível se fazer um paralelo da mitologia grega e os 56 Arcanos Menores.

Através dos conceitos de ego, sombra, anima e animus, tipos e funções, mitologia, sonhos, sincronicidade e tantos outros, é possível ter um olhar terapêutico para as imagens arquetípicas apresentadas nos arcanos, possibilitando o trabalho interior profundo.

Com essa maravilhosa ferramenta é possível realizar o aprofundamento no seu próprio processo de autoconhecimento e transformação através desses arquétipos tão ricos de significados.

Conclusão

Como uma ferramenta que revela as imagens arquetípicas, simbólicas e permite a correlação com os conceitos da psicologia junguiana, o tarot oferece uma fantástica oportunidade de reconhecimento e auto aperfeiçoamento.

Algo que se deve observar é, em função da utilização do Tarot, o despertar de nossas faculdades intuitivas, uma vez que ficamos cada vez mais em contato com nosso mundo interior, e claro, isso se fortalece pela repetição..

Quando conhecemos o potencial do Tarot de transformar, modificar a vida no presente, em função das orientações que nos oferece para que, com responsabilidade possamos decidir, escolher os caminhos que desejamos seguir, entendemos, finalmente, que o futuro somos nós que definimos e será o que fizermos dele.

O tarot é, por excelência uma das ferramentas mais práticas e coerentes com os arquétipos que dispomos, e portanto, aquele que sabe ler esses símbolos pode contribuir muito com a vida das pessoas.

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About the Author: Lino Bertrand